terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Resoluções.

Hoje

Hoje eu não precisava te ver...
Bastava-me ouvir a tua voz...
E meu coração acalmar-se ia...

Hoje eu não precisava de nada...
E ao mesmo tempo precisava de tudo...

Hoje eu não me encontrava...
E por ironia também te perdia...

(Sandra Soave)

E a música é bem antiga, escrita em 1971 por Chico Buarque, mas foi com o Seu Jorge que eu passei a "ouvi-la com outros olhos".

Cotidiano

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pra eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pro jantar
E me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pra eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pra eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

(Chico Buarque)

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ah, o português!

"A reticência perdida na interrogação, se encontrando na exclamação, fugindo das aspas, abrindo vírgulas e se encaminhando para o ponto final." (Juliana Gelbcke)

"Sou o verso, reverse-me como verso ao invés do reverso do verso ao inverso. Verse-me!" (Desconheço autoria)



Mentira nossa de cada dia.

Eu demorei tanto pra fazer um novo post que até pensei que não postaria mais aqui.
Mas resolvi continuar.
E pr'um próximo post, no mínimo interessante, resolvi escolher como tema a "Mentira".
O que é mentir, em primeiro lugar?
Alguns podem afirmar que é "dizer inverdades, dizer coisas que não são verdadeiras", outros que "mentir é não dizer a verdade, mas como a verdade é relativa, mentir também é relativo, então depende do ponto de vista".
Segundo o dicionário Aurélio da Língua Portuguesa:
mentir. [do latim mentire] V. int. 1. Afirmar coisa que sabe ser contrária à verdade; dizer mentira(s) 2. Errar no que diz ou conceitua 3. Dar uma indicação ao contrária à realidade, induzir em erro; ser causa de, ou dar margem a engano; iludir 4. Cessar de ser bom, legítimo, verdadeiro, degenerar.
Entramos em contato com a mentira logo cedo, na infância. Ao criarmos um mundo de fantasias onde fugimos da realidade, estamos, mesmo que sutilmente, mentindo. A nossa imaginação nos dá asas para que criemos uma realidade paralela onde acontecem as mais inacreditáveis aventuras. É a partir daí que começamos a ter uma noção do que é inventar e/ou modificar a realidade.
E a mentira nada mais é do que uma invenção ou uma modificação da realidade. Há pessoas que dizem que não mentem, apenas omitem, ou então modificam a verdadeira situação. Não tratarei aqui de como mentira e omissão se correlacionam.
O que interessa mesmo, é saber porque mentimos e como isso nos afeta, tanto pessoalmente como nos relacionamentos sociais, à nivel familiar, de amizade ou até mesmo profissional.
Tentarei explicar um pouco como acontece a mentira no nosso cérebro.
Mentir depende de muitas áreas do nosso cérebro, a primeira é o córtex pré-frontal que tem a "vontade" de dizer a verdade, mas que ao perceber que a intenção é a mentira, elimina a verdade e busca uma alternativa para aquela ocasião. O córtex cingulado anterior, que é uma parte especializada em conflitos, entra em ação para buscar essa alternativa e pô-la em prática através do sistema da fala. Temos dois tipos de massa em nosso cérebro, a massa branca, que atua na criação de informações, e a massa cinzenta que as processa. Estudos mostraram que "os mentirosos patológicos têm até 26% a mais de massa branca no córtex pré-frontal que os demais, onde acontece uma intensa transmissão de informações que ajudam a inventar as mentiras. Além disso, eles têm 14% menos massa cinzenta na área que controlaria os impulsos que usamos para julgar o certo e o errado." Até os seis anos de idade a criança possui mais massa branca que cinzenta, por isso o hábito de fantasiar. É após essa idade que ela começa a entrar mais em contato com a nossa realidade.
Quando vamos contar um história, repassar uma informação (muitas vezes em forma da famosa "fofoca") achamos que aquela verdade pode ser modificada para que se adeqüe ao momento. Fazemos então o que o dito popular fala: "quem conta um conto, aumenta um ponto". É normal adicionarmos informação inexistentes ou mudarmos as que existem. Assim, entendemos que a "nossa" história está melhor, mais interessante, ou até mesmo mais verdadeira do que a original.
E porque mentir?
A mentira, muitas vezes, traz vantagens que a verdade não traria. Isso faz com que as pessoas se sintam mais induzidas a mentir. Aquela pessoa que tem um valor moral maior, um senso crítico de que a mentira pode ser mais tarde descoberta ou até mesmo que algo pode dar errado se a mentira falhar, tem maior tendência em evitar a mentira, ou de pelo menos "remediar" a verdade.
Pessoas que não se preocupam com o que poderá acontecer depois, ou que juram que a verdade não será descoberta, têm sérios riscos de se tornarem mentirosos assíduos. Os mentirosos patológicos, como já foi explicado, tem áreas afetadas em seu sistema nervoso, áreas que os diferenciam de pessoas normais. Essas pessoas, muitas vezes, simplesmente não conseguem controlar seu ímpeto de mentir, e até mesmo em pequenos e insignificantes detalhes colocam sua imaginação pra funcionar e adicionam informações para eles relevantes.
Mas se formos parar pra pensar, os próprios escritores são grandes mentirosos. Eles têm a capacidade de fantasiar um mundo que não é deles e que, em vários casos, nem mesmo existe em nossa realidade (que é o caso dos escritores de ficção científica). Imaginam cenários com vários personagens e inúmeros acontecimentos. Fazem da sua ilusão a distração alheia. E nós compramos esta mentira. Podemos nos ater a um ponto em que, mesmo evitando a mentira, muitas vezes "compramos" uma realiade que não é a nossa, e fica a pergunta "Porque?", novamente.
As razões são incontáveis e as mais diversas possíveis. Como por exemplo: insatisfação com a própria vida, querer se aventurar imaginariamente em outros mundos, uma válvula de escape, ou até simplesmente a vontade de conhecer coisas novas. Afinal, até num livro de ficção científica, acabamos conhecendo um pouco da vida dos personagens, suas formas de pensar e opiniões, com as quais concordamos ou não, incorporamos ou descartamos.
E como isso nos afeta?
Quando a mentira é descoberta, por mais desagradável que seja a situação, há muitas maneiras de se tratá-la.
A mentira pode acabar até se tornando uma verdade. Há pessoas que usam uma mesma mentira há tanto tempo que passam a acreditar nela, e quando essa mentira é desvendada, a pessoa pode até ter ataques incoerentes de raiva ou outras emoções, por acreditar que a sua verdade construída sobre uma mentira está agora sendo posta em dúvida.
Falando a âmbito pessoal, a mentira pode nos deixar angustiados, tristes, ansiosos. São sintomas muitas vezes confundidos com o medo. Medo de que se descubra a verdade.
Na família é comum a criança mentir para os pais com medo de repreensão. Na escola o adolescente mente para ser aceito em seu grupo, para não se sentir diferente.
Grande parte dessas mentiras pode causar pequenos danos ou até dano algum. Porém quando falamos em profissionalismo, temos que tomar cuidado com a mentira, isto pode afetar nossa carreira profissional para o resto de nossa vida. Uma demissão por justa causa não fica nada bem no currículo.
Mas foi falado tanto em mentira, e a verdade? Será que é sempre que estamos preparados para ouví-la?
É uma questão em que não entrarei agora, pode ser que em algum próximo post eu fale deste assunto. Mas não custa nada deixar a pergunta para que possamos pensar um pouco a respeito.

"Tem que jura que a vida é virtudeTem gente que faz o bem por falsidade
Não há no universo uma força que mude

O dom da mentira, o som da verdade

A lábia do sábio, a arma do rude

São Deus e o Diabo unidos na prece"
(Sá e Guarabyra)

E aqui uma música que achei a "cara" do assunto:

Mentir
(Noel Rosa)

Mentir, mentir
Somente para esconder
A mágoa que ninguém deve saber
Mentir, mentir
Em vez de demonstrar
A nossa dor num gesto ou num olhar

Saber mentir é prova de nobreza
Pra não ferir alguém com a franqueza
Mentira não é crime
É bem sublime o que se diz
Mentindo para fazer alguém feliz

É com a mentira que a gente se sente mais contente
Por não pensar na verdade
O próprio mundo nos mente, ensina a mentir
Chorando ou rindo, sem ter vontade

E se não fosse a mentira, ninguém mais viveria
Por não poder ser feliz
E os homens contra as mulheres na terra
Então viveriam em guerra
Pois no campo do amor
A mulher que não mente não tem valor

Saber mentir é prova de nobreza
Pra não ferir alguém com a franqueza
Mentira não é crime
É bem sublime o que se diz
Mentindo para fazer alguém feliz



Fontes:
http://www.defesanet.com.br/esge/teoria_mentira.pdf.
http://www.destaquesp.com/index.php/Comportamento/Reflexoes/o-cerebro-do-mentiroso.html
http://www.inpaonline.com.br/artigos/voce/mentira.htm

Na aula de estatística...

A água gelada batendo na pele muito quente.. ah sensação de refrescância!
E a luz forte do sol nos olhos, uma claridade que ilumina até a alma.
Os pés nas pedras em contato com o chão, contrastando a cabeça, cujo único lugar que não está é aqui.
Quase dá pra ouvir as batidas do coração num mesmo ritmo que o canto dos passarinhos.
O cheiro da natureza inebria. Dá a idéia do que seria o mundo perfeito.
Fim de semana no rio e eu aqui numa aula de estatística.

sábado, 20 de setembro de 2008

O Estudo da Amizade em Adultos

Boa tarde. Hoje falarei a respeito de um assunto que tem me tirado o sono há algumas semanas: amizade.
O que seria a amizade? Após algumas leituras e depois de vários anos de convivência com várias e com mesmas pessoas, o significado mais abrangente de amizade que consegui foi o de um relacionamento pessoal e voluntário.
Estudos apontam para os benefícios de uma verdadeira amizade. De acordo com pesquisadores de universidades americanas e a psicóloga Louise Hawkley, da Universidade de Chicago, a amizade pode ajudar a curar certas doenças como depressão e até inflamações já que a falta de amigos envia sinais ao cérebro que ativam grupos de genes responsáveis pela produção de cortisol, o hormônio do estresse. Esse hormônio é responsável por várias inflamações, entre as quais está a metabolização de açúcares, causando o diabetes. Mas a mais observada é a que ocorre nas extremidades dos vasos sangüíneos, causando uma espécie de ferida que endurece a veia e torna a passagem do sangue mais difícil, aumentando a pressão e no final, quem mais sofre com isso é mesmo o coração.
Análises epidemiológicas mostram que indivíduos socialmente integrados vivem mais e melhor. Os relacionamentos pessoais trazem um bem estar subjetivo e uma felicidade pessoal, o que aumenta e melhora a saúde.
Uma verdadeira amizade leva tempo e por ser um processo dinâmico, se modifica conforme as etapas da vida, além de ser influenciada por vários aspectos, sociais e culturais. Devido a esses aspectos, não há uma definição satisfatória que se aplique a todos os indivíduos.
A seguir, podemos observar alguns fatores que são observados nesse relacionamento:
A dedicação mútua nas trocas de qualquer natureza entre dois amigos deve ser igual, apoio emocional, prazer, companheirismo, aceitação, similaridades, força de caráter, compreensão, facilidade de comunicação, troca de confidências, respeito, tolerância, confiança e coexistência, estabilidade, compromisso, proximidade e freqüência de contato.
Porém a amizade apresenta também aspectos negativos, tais como a desaprovação dos atos da outra pessoa, o ciúme, a crítica em público, não defender o amigo em sua ausência, distanciamento emocional, rivalidade e manejo de conflitos e tensões.
Foi observado também que amizades do mesmo sexo são mais duradouras já que previnem contra a possibilidade de romance, o que altera profundamente a amizade. Amigos próximos tendem a ser mais semelhantes, o que facilita a tolerância a medos e ansiedades, ajuda a suportar situações estressantes e aumenta o senso de identificação.
Amizades entre mulheres também são de melhor qualidade que entre homens. Eles têm a capacidade de intimidade porém, preferem não usá-la.
O que podemos observar é que a amizade se baseia em muitos fatores para existir, em muitos outros para continuar e em mais alguns para terminar.
Uma boa e sólida amizade pode nos trazer inúmeros benefícios como a noção de ser amado sem que haja uma cobrança sexual em troca. Uma plena consciência de compreensão e companheirismo. A simples palavra ou o simples sorriso de um amigo pode fazer com que todo peso do mundo seja retirado de nossas costas. Entre os amigos estão não só aqueles reais, mas podendo existir também os virtuais e inclusive os animais de estimação, que está mais do que comprovado que são, além de ótimas companhias, muito saudáveis tê-los por perto.
Uma amizade em crise pode trazer muitos transtornos emocionais. Falta de concentração, tristeza, falta de credibilidade em outras pessoas, incapacidade de aceitação e até mesmo depressão.
Ter um amigo por perto não é só muito bom como também aconselhável.

Aqui vai um texto de Vinícius de Moraes e uma música do Milton Nascimento que refletem muito bem o que foi passado no texto.

Amigos
(Vinícius de Moraes)

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor. Eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários. De como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo. Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ... Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.


Canção da América
(Milton Nascimento)

Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de 7 chaves,
Dentro do coração,
Assim falava a canção que na América ouvi,
Mas quem cantava chorou ao ver o seu amigo partir,

Mas quem ficou, no pensamento voou,com o canto que o outro lembrou
E quem voou no pensamento ficou, uma lembrança que o outro cantou...

Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito,
Mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção...
O que importa é ouvir... a voz que vem do coração.

Pois seja o que vier, venha o que vier...
Qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar
Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar.




Primeiro Post

Boa noite!
Acho que nada mais propício para um primeiro post do que a apresentação de sua blogueira. Então vamos aos dados. Meu nome é Monique, tenho 20 anos, sou estudante de Zootecnia pelo Ifet de Uberaba e vestibulanda de Ciências Biológicas na UFTM. Sou blogueira desde os 13 anos. Tenho um blog pessoal fixo há 7 anos, ele não foi o primeiro, mas foi o que eu mais me adaptei. Escrevo nele coisas que não têm nenhuma relevância para a sociedade em si, mas que para mim, servem como uma válvula de escape, já que escrever é a minha terapia.
Minha paixão pela escrita começou muito cedo, e acho que pelo menos a maioria das pessoas que gosta de escrever, gosta também de ler. Sempre que posso estou com um livro a tira colo ou estou lendo alguma coisa, até anúncios e rótulos servem.
Enfim, esta apresentação era grande e bem humorada quando foi escrita. Editei. Enxuguei. Descobri que não tenho mais 20 anos desde os 15. E tudo escrito lá em cima mudou.
Bom, quase tudo.
=)