quinta-feira, 28 de maio de 2015

...

Ainda ouvindo Tiê e pensando na vida (mais do que deveria, pra variar).
Ontem estava vendo filme, não me lembro qual, e em uma das cenas me lembrei de um tempo em que só o olhar bastava.
Envelhecer traz muitas coisas boas. Olhar pra trás e perceber as nossas mudanças, o nosso progresso (ou o inverso também), a nossa história..

[nem a maldade do tempo consegue me afastar de vc]

Entender que nem sempre boa vontade resolve tudo. Que o tom da voz vale mais do que o que é dito. Que a primeira impressão pode te abrir muitas portas e te fechar outras tantas, não só a primeira impressão que as pessoas têm da gente, mas a que a gente tem dos outros. Que sorrir é importante, e que mesmo sorrindo, às vezes, as pessoas não vão te entender. Que ser leal compensa. Que a amizade ameniza qualquer dor. 

Tive boas amizades, tenho bons amigos, valorizo isso.
O Nando Reis cantou que ficava preocupado em pensar se os filhos dele sabiam o quanto ele os amava. Me preocupo também se as pessoas que eu amo sabem disso, sabem o quanto.

Mano, que cheiro estranho é esse que paira nessa cidade?! Bauru é estranha.

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Tiê


Tiê - A noite 

Palavras não bastam, não dá pra entender
E esse medo que cresce não para
É uma história que se complicou
Eu sei bem o porquê

Qual é o peso da culpa que eu carrego nos braços
Me entorta as costas e dá um cansaço
A maldade do tempo fez eu me afastar de você

E quando chega a noite e eu não consigo dormir
Meu coração acelera e eu sozinha aqui
Eu mudo o lado da cama, eu ligo a televisão
Olhos nos olhos no espelho e o telefone na mão

Pro tanto que eu te queria o perto nunca bastava
E essa proximidade não dava
Me perdi no que era real e no que eu inventei
Reescrevi as memórias, deixei o cabelo crescer
E te dedico uma linda história confessa
Nem a maldade do tempo consegue me afastar de você

Te contei tantos segredos que já não eram só meus
Rimas de um velho diário que nunca me pertenceu
Entre palavras não ditas, tantas palavras de amor
Essa paixão é antiga e o tempo nunca passou

E quando chega a noite e eu não consigo dormir
Meu coração acelera e eu sozinha aqui
Eu mudo o lado da cama, eu ligo a televisão
Olhos nos olhos no espelho e o telefone na minha mão


Pensei em escrever, desanimei. Pensei de novo, começou a tocar Daughter, me perdi. Tocou Beethoven [Piano Concerto No. 5, Op. 73 - Emperor II Adagio un poco mosso].
Música clássica me deixa melancólica, em um bom sentido. É como se os sentidos se ampliassem, tenho dificuldades em achar as palavras certas, e não apenas pra isso. Imagino que esta seja a (des)vantagem quando passamos a pesar um pouco aquilo que pretendemos falar.
Ouvi de várias pessoas que somos responsáveis por aquilo que falamos, mas não por aquilo que as pessoas interpretam. Discordo.
Essas coisas me lembram Leminski.

Sinto que estou novamente em um daqueles momentos de transição. E não me refiro exclusivamente à mudança de cidade (sim, d-e--n-o-v-o-!). Estou aqui há 16 meses. É uma sensação estranha esta da dualidade. Parece mais tempo quando penso em algumas pessoas que ficaram ou das quais me afastei. Parece menos quando percebo o que realizei aqui.
Tempo pra balanço. Pesar as ações (e principalmente, a falta delas). O que eu pensei que sabia quando cheguei aqui, o que eu descobri, o que eu confirmei. Paciência tem sido a palavra chave. E imagino que os próximos três meses serão ainda mais assustadores.

[Franz Liszt - Love Dream]

Claro que não mais que o retorno. Este sim me assusta, me aterroriza. A incerteza do futuro é mortificante. E pensar que todo esse turbilhão de coisas, que não param de rodar dentro da minha cabeça, perdem espaço pro ódio que eu sinto desse tic tac maldito do relógio do vizinho (sim, dá pra escutar do meu quarto, e por razões óbvias, só a noite) roubando o resto de sono e/ou concentração.

[Michel Legrand - Gymnopédie N°1] Eu escuto essa música há tanto tempo, e ainda não sei porque ela mexe tanto comigo.

Mas essa que está tocando agora [Bach - Piano Concerto in F Minor Largo] é com certeza uma das minhas preferidas desde sempre, eu percebi que ela parece ser a incidental do Céu de Santo Amaro, de Flávio Venturini, que me traz paisagens bucólicas e aulas de literatura da profª Leila. Houve uma época em que ambas me fizeram querer morar em Ouro Preto.
De qualquer forma, Ouro Preto, Bauru, Uberaba.. tantos nomes que não me dão certeza alguma.

[Chopin - Nocturne #2 In E Flat, Op. 9/2, CT 109]

O tempo passou. Rápido.
E continua indo embora sem que eu me dê conta de que estou parada.
"tudo está parado por aqui, esperando uma palavra.."
Humberto e os clássicos têm me compreendido como nunca!

Sempre tive mania de ver tudo girar ao meu redor, como se as coisas acontecessem porque eu estava ali, ou por eu não estar, como uma criança. E de repente vi a mudança acontecendo independente de mim, e achei que me assustaria ou desapontaria por isso. Fiquei mais tranquila na verdade.
Ver o amadurecimento das pessoas que eu amo (independente da fase).

Esqueci o que ia falar.. que comum isso.


Carrego o peso da lua
Três paixões mal curadas
Um saara de páginas,
Essa infinita madrugada.

Viver de noite
Me fez senhor do fogo
A vocês, eu deixo o sono.
O sonho, não
Esse, eu mesmo carrego.
[P. Leminki]