quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Meu pai, meu herói.

Ontem meu pai me chamou pra sair, "ir ali" como dizem os mineiros quando saem a toa. Saímos e ainda estava quase de dia por conta do horário de verão. Chegamos em um barzinho e, ao ouvirmos a música que estava tocando no rádio, fizemos careta e falamos quase juntos "que musiquinha ein". Primeira palavra: cumplicidade.

De lá resolvemos ir em outro barzinho, com música ao vivo. A banda da noite tocava samba raiz. Meu pai adora, desde sempre me ensinou a conhecer, ouvir e respeitar. Por tabela, acabei amando todos os estilos musicais que ele gosta. Segunda palavra: ensinamento.

Cantamos e rimos a noite toda. E como rimos. Ele fazendo piada de tudo, de todo mundo, brincando. Ele não se preocupa quanto custa a cerveja, os aperitivos, o cover. Ele não perde o sono por coisas "materiais" como ele mesmo diz. Ele vive a vida e ponto final. Se tem tem, se não tem amém. Faz o possível e o impossível pra que eu e meu irmão tenhamos tudo o que precisamos. Terceira palavra: sabedoria.

Conversamos sobre tudo. Passado, presente, futuro. Íamos de um assunto ao outro em instantes, alguns assuntos mais sérios, algumas revelações, várias piadas, muitos momentos de sabedoria (da parte dele, claro). Tive a chance de relembrar tantos momentos bons que minha família teve, que eu e meu pai tivemos. Pude ver que o homem por trás das piadas de humor negro, das longas gargalhadas e goles de cerveja, ainda é um cara romântico, meigo, sonhador (mas com o pé no chão) e encantador. Quarta palavra: amizade.

Fomos embora de madrugada rindo e ele correndo atrás dos cachorros da rua. Espantou um que até agora eu tenho minhas dúvidas se o cachorro voltou pra casa hahaha. Quinta palavra: bom humor. (tá, eu sei que foram duas)

O sr. Antonio não é perfeito. Ele tem defeitos, muitos. Graças a Deus, o que seria de nós se ele fosse a perfeição em forma de gente. Mas o meu PAI, ah, esse é perfeito. Que me desculpem o "resto" dos pais, mas são resto. Perto do meu pai, qualquer outro é mero coadjuvante. O cara luta, corre atrás, dá exemplo, puxa a orelha, deixa livre, ensina, ajuda. Chega a ser muito mais que um pai coruja. Às vezes, nós filhos ingratos, juvenis e inexperientes julgamos nossos pais culpados, ou até mesmo atrasados. Não conseguimos ver a magnitude e dificuldade que é ser pai/mãe nos dias de hoje. Fui muito bem educada, apesar de nem sempre demonstrar isso. Tenho caráter e sei das resposabilidades dos meus atos, e isso eu devo aos meus pais. Quem tá comigo há muito tempo e sabe das barras que a minha família em particular enfrentou, sabe também admirar meu pai. Um pai que virou mãe, amigo, irmão, companheiro mesmo.

Quando começo a falar dele eu instantaneamente já começo a chorar. Falar de uma pessoa que você ama tanto sem se emocionar é impossível. E falar do melhor pai do mundo.. é foda! Nada do que eu fale, do que eu pense, do que eu escreva, naaada vai chegar perto do que ele realmente é.
Amor é uma coisa que descobri em casa. É uma coisa que falta no mundo hoje, e que eu sou grata aos meus pais por terem me dado e me ensinado a dar. E é amor, um amor imenso, imensurável, descabido em mim que eu sinto pelo meu pai.
Respeito, carinho, lealdade, a-gra-de-ci-men-to, tudo é reflexo do amor.
E não ter palavras pra agradecê-lo também faz parte. Afinal, como agradecer um cara como esse? Nada será suficiente.

Pai, te amo.

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